sexta-feira, 4 de maio de 2012

Pátria

PÁTRIA é hoje conceito no mínimo controverso e o termo renegado do falar português, por temor do politicamente incorrecto. Velhos do Restelo – fascistas no cúmulo do insulto – seremos, se a respeitarmos; pior se a amarmos. Decorre isto dos complexos de “esquerda” para a qual não são admissíveis quaisquer nacionalismos. Menos ainda patriotismo. Paradoxalmente, tal pensar está em contradição com a Revolução Francesa onde – por mera ocupação jacobina do espaço na Constituinte – nasce o dualismo esquerda/direita. Para a aristocracia eram de somenos as nações. A Revolução retoma-lhe o sentido e impõe a França ao globalismo Aristocrático.
A Revolução venera a FRANÇA – a Pátria.
Ora a Globalização mundial, é fonte do descalabro sócio económico que o Mundo atravessa. Impondo o neo-liberalismo subestima outro sentir que não a ganância. Ou seja, substitui o SER pelo Ter. Aí não cabe a PÁTRIA.
De novo cabulei de um livro. Da estante tirei o PÁTRIA de Robert Harris (Bertrand 1993). Preteri o Finis Patriae de Junqueiro, mais próximo da presente realidade.
A obra, sucesso, em Inglaterra, em 92, ficciona o Mundo e a História se Hitler tivesse ganho a Guerra. Lembra uma curiosa obra de Fernando Viscaíno Casas – Los Rojos Gañaran la Guerra. Outra, claro. A faceta de ambas é curiosa.
Da Pátria portuguesa, não “nevoeiro”, mas trevas, interrogo-me do comportamento de Sócrates se houvesse ganho as eleições. Como lidaria com a Troika com quem firmou acordo? Como conciliaria as normas austeras a que se obrigou com o despesismo improdutivo: TGV do nada a coisa nenhuma; auto-estradas às moscas; barragens, para encher bolsos de Amigos; Centros Escolares, desertificando o empobrecido interior, aumentando custos e enriquecendo uns quantos; catastrófico negócio das SCUTS; que sei das conjecturas luminosas dos “Jamais”… Conjugo esse fictício estado com o discurso de Zorrinho e do bom rapazinho que parece ser Secretário Geral do conturbado e indefinido PS - A.J. Seguro. À curiosidade impossível de ser satisfeita, junto a “política tentacular”, a corrupção, o “delírio governativo”, as “convulsões” e a inegável ligação à política internacional (da Alemanha, como hoje), abordadas por R.H. e temos as razões do preterir do português Junqueiro, que prenhe de actualidade nos traria um “povo imbecil e resignado”; uma “burguesia cívica e politicamente corrupta”; “partidos sem ideias nem planos, utilitaristas”.

Da ficção à realidade da Pátria, vivendo inquieto a PÁTRIA a finar-se. Finar tão real que nem, quando o Senhor entender (grato pelo generosamente concedido, revés da ladroeira privação do que nós, os “velhos”, pagámos ao longo de toda a vida), poderei murmurar o camoniano: “Ao menos morro com a Pátria!”

Que Pátria resta, quando, lembra um e mail que corre, “hipotecaram a soberania do País a Bruxelas e chamaram-lhe desenvolvimento”? Ou quando, da mesma fonte, “mataram o orgulho de se ser português, levando o País à bancarrota, hipotecando-o ao FMI e chamaram-lhe investimento?
Que Pátria resta, quando perdida a soberania, impedidos estamos de viver além do que nos consente a Troyka ou a agiotagem dos mercados?
Que Pátria resta, se para além disso, num total desprezo pelas pessoas, o governo ultrapassa o acordado e rouba os trabalhadores e os reformados, menosprezando os sacrifícios que fizeram na esperança de um final de Vida feliz?
Que Pátria resta, quando um [des]governo que mais não faz do que atribuir culpas ao PS de Sócrates (imensas), olvida a desastrosa acção de Cavaco quando 1º Ministro, senhor do asfalto, liquidador da agricultura, da marinha, das pescas, da pecuária, permitindo ou fomentando a corrupção dos seus ministros, hoje figuras proeminentes de grandes empresas que enriqueceram; oculta a fuga vergonhosa de Barroso ou a incapacidade de Santana Lopes e, favorecendo os poderosos, liquida a classe média, capacho dos ricos e sustento dos pobres?

Que Pátria temos, se o Governo a mando da TROIKA, ignorante de que somos pelo que fomos, revisiona descaradamente a História e o sentido de Pátria e no acabar dos Feriados - areia atirada aos olhos dos portugueses - propõe e faz votar na não soberana A.R. o acabar com a celebração do dia 1 de DEZEMBRO, esquecendo que é nele que reside o sermos hoje, com Vossa licença, Pátria e Nação?

Que sentido tem de Pátria quem vende a Língua Portuguesa por lentilhas, a um País que a língua não respeita, já que para satisfazer a vaidade da Presidente Dilma, ela mesma altera por lei, imposta ao arrepio da Academia, que orgulho foi da Cultura Luso-Brasileira, onde se sentaram Homens como Machado Assis, Lins do Rego, Jorge Amado, a gramática portuguesa, faltando ao respeito à Língua - à Pátria Portuguesa? Isto porque, a mando da Senhora “Presidenta” da República do Brasil - lei nº 12.605, de 3 de Abril de 2012 - o sexo impõe o género gramatical. Em Portugal, defende esta asnática gramática a Nobel Pilar del Rio, que não se contenta em esmifrar o Estado e perora sobre gramática portuguesa, de que nada sabe, como pouco sabia o marido, e seguem-na a feminista Arquitecta Helena Roseta, o que é natural tão vira casacas tem politicamente sido, e até, pasmem, ao que me dizem, a Drª Edite Estrela, não sei porque bulas.

Mas nisto de obediência cega ao aviltante Acordo a culpa é dos portugueses que, rejeitando a língua rejeitaram a Pátria. Isto a começar pelos jornais que sem que nada os obrigasse aderiram ao famigerado acordo e aqui incluo, com pesar, o nosso D.M.

Tal subserviência lembrou-me um pensamento de Victor Hugo a exigir reflexão:

”Entre o Governo que mal Governa e o Povo que o consente há uma cumplicidade VERGONHOSA!”

Envergonhado, chorando a Pátria, dói-me perguntar com Junqueiro:: - Que é da nação? - Morreu na história.".

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