segunda-feira, 17 de setembro de 2012

PENAS DO PURGATÓRIO Abundando, aqui e noutros escritos, no cabular de Torga, Poeta de muito apreço, muito estudado e sabido, nunca, julgo, usei título seu, para título “meu”. Faço-o, com edição pós abrilina das “Penas” de 1954, por um facto hoje (10/9/2012) ocorrido, que no Inferno - para onde, há muito, nos arrastou a incompetência, arrogância, impertinência e vilania de quem nos tem governado e bem se governou - me fez sofrer as mais leves, mas não menos desesperantes, Penas do Purgatório. Paradoxal, já que este purgar pelo Céu, ao que ouvi dizer, foi pontificiamente dito inexistir. Real, porém, o vivi hoje. Suas penas tanto me atormentaram que, explodindo, abri o PC e para aqui encaminhei toda a indignação, a que acresci este intróito. Um todo que, espero, não crendo, possa ser “Ave da Esperança” de um tempo onde haja “primavera e liberdade” e não constatarmos que “prossegue o pesadelo”, com uma “Voz Interior” a insistir que “são inúteis certas agonias” e só real “o meu instável sofrimento”, que, “Grito” sem “Esperança”, porque o calam, “o aceno divino [que não] não sossega”, como se fora nosso “Fado” cairmos sucessivamente no mesmo “logro e tédio do caminho andado” “a destilar tristeza”, na “certeza de que a própria desgraça se semeia” e nós bem a semeámos, pondo a mandar a “malvadez [e a] má vontade”. Será que é fatal “Situação”? Será que “não há refúgio e o terror aumenta/ (…) em agonia lenta”? “Pânico” já! Serão só “os degraus do inferno que nos restam”? Por mim “faço o que posso e [o que] posso combater”! Assumo “Posição”, deixo “Denúncia”. Mesmo que digam, e veja, que pouco mais do que “Sozinho, na trincheira, vou cantando”! Preservo a “Identidade” e deixo “Apelo”: “decidi-vos depressa enquanto é tempo”! Ora, no muito antes, escrevia eu: Ainda não refeito de mais este roubo vil e inqualificável declarado pelo 1º Ministro – o mais inqualificável 1º Ministro que Portugal teve desde os tempos remotos da I República - e sou roubado na Rua, onde já não se anda seguro, nem em casa, onde o ESTADO é o primeiro a vir-nos roubar, por alguém que talvez necessitasse do que pensou roubar-me. Ao contrário do Senhor 1º Ministro, que realmente nos ROUBA, o presumível ladrão (como agora, parece, temos de dizer) só me roubou uma carteira de plástico, propaganda não lembro de que Firma, sem valor (a carteirita, não a Firma, claro) e uns cartões que a mim fazem falta e a ele jeito nenhum. Destes, os que mais falta me fazem são os do ACP e o da ADSE. De imediato tentei entrar em contacto com este Serviço do Estado, para pedir urgente substituição do Cartão de utente. Consegui o telefone através de umas Informações já de si, tolas e demoradas. Foi-me fornecido o suspeito número 707 284707. Digo suspeito, porque não sei a que tipo de cobrança estou a sujeitar-me. Sei, que estou pendurado ao Telefone a ouvir CENTENAS de vezes um monocórdico: “Logo que possível a sua chamada será atendida por um operador”, intercalado por uma não menos monocórdica música e uma outra declaração: “Atenderemos a sua chamada logo que possível.” Levo nisto, até agora, 50 minutos que não sei quanto me custarão. BASTA! Nunca se pagou tanto, nunca tanto nos foi roubado e tão pouco se teve. Quem se importa. A Tutela sabe disto? Será que há Tutela? Eu sei que, sujeitos também ao mesmo roubo que me afecta, aos Funcionários Públicos no activo “para cumprir, basta-lhes estar”. O sentido de CIDADANIA e Serviço, há muito que se foi. Quilharam-me? Que se quilhem também! Mas já não há pachorra para situações como esta. E ainda o Prof. Marcelo diz que por certo não sairemos à rua. Pois não. Somos “socialmente uma sociedade pacífica de revoltados” – como ele, de Torga, citou e eu aqui citara. Culpados (porque há umas dezenas de anos que lá os temos vindo a por) e cúmplices (porque nada fazemos, para além da revolta interior ou de Café, para os tirar de lá). É isso que nos rói e nos imobiliza. Mas não será tempo de pormos cobro a este vil fartote? Insistem no Slogan de que em Abril, ganhámos a Liberdade. E a Paz? O Bom Papa João, creio que já aqui trouxe a citação, dizia que “Há diferença entre Liberdade e PAZ. A PAZ é a liberdade tranquila.” Reflectindo, fecho com o último verso do Poema com que Torga abre as “Penas do Purgatório”. Parece que neste Pais, que outrora era Portugal (vénia a Viscaino Casas) “A Paz possível é não ter nenhuma.” Vamos continuar a consentir? Nota final – Depois de uma hora e dois minutos pendurado, vou desligar. Não suporto mais ouvir a gravação anónima com que COBARDEMENTE me (não) atendem. ALTO! Vão atender. Voz brasileira (Produto do infame acordo?): - “Desculpe, estamos com dificuldade no sistema no momento e não podemos completar a sua chamada. Por favor tente mais tarde.” Claro, a repartição fechou. Cada um vai à sua vida e o utente que se lixe!