sexta-feira, 4 de maio de 2012

O AVANÇADO CENTRO MORREU AO AMANHECER

Vendido à inconstitucionalmente monopolista Sport TV, hipotecado aos grandes interesses dos “grandes” Clubes e outras “grandes” figuras do Futebol e não só: empresários, treinadores, árbitros, empresas ligadas ao “desporto” e até de alguns jogadores, o Futebol Português, ou o pouco que com dignidade resta dele, caminha velozmente para o abismo da indignidade e da sem vergonha. Luto ou mesmo requiem por ele. O desrespeito pelo cumprimento atempado dos regulamentos; a falta de consideração pela identidade dos Clubes obrigados na sem razão a despirem o equipamento que os fez Clube, num jogo de interesses economicistas a que chamam marketing, com que, tem de dizer-se, os Clubes pactuam sem respeito pelo que foram, de onde o que são; o desprezo total pelo espectador que sabe a desoras das alterações dos jogos, marcados para as horas mais impróprias; a pseudo liberdade contratual ou mobilidade, imposta pelo malfadado caso Bosman e pelos interesses dos empresários e dos poderosos, que permitem a caricata e anti-desportiva situação de um jogador jogar um jogo por um Clube contra outro e na volta jogar por esse outro contra o de quem era; ou um Clube enfraquecer o rival, vencendo-o assim no respaldo de uma legislação anti-desportiva, sem ética; arbitragens tendenciosas se não decorrentes da corrupção geral imperante no País; uns média feridos de clubite, e o muito mais que eu sei (sabemos todos) mas não posso alongar-me demasiado No cúmulo da intriga, o caso do União de Leiria, que, se os regulamentos tivessem sido feitos para se cumprirem há muito que teria sido suspenso de participar na Liga de Honra - pouco honrada e nada honrosa, pois. Mas não só o Clube da Cidade do Lis devia ter sido suspenso. Era público e notório o atraso de cumprimento dos deveres salariais de muitas outras entidades desportivas que continuaram na prova com prejuízo dos cumpridores dos contratos e da ética e justiça social: remunerar o trabalho. Também aqui os interesses dos poderosos e da incompetência se sobrepõem aos dos trabalhadores. Mas o que é ridículo é ver clubes a quem interessava a presença do UDL baterem-se para que a UDL compareça ao jogo com 7/8 sob o princípio de salvaguardar a “verdade” desportiva! Espanta-me que o Senhor Presidente da Liga, com cuja vitória me congratulei, alinhe na mesma “filosofia” (cf. A Bola 28/4/2012) do respeito da verdade desportiva entrando uma equipa em Campo em larga desvantagem numérica, 7/8 jogadores rebuscados à pressa. Lei permissiva, que ganha a designação de Lei 3 nas Leis do futebol, incrível, se nos lembrarmos que o Futebol foi criado por Ingleses que se têm por cavalheiros. É certo que também foram piratas. Mas é assim que vai o Futebol Nacional. Se não agirmos, isto a que chamamos futebol não passa de frustração e angústia. Ou, com diz Joseph Bloch: “Coisa baça e desprovida de sentido.”

O título da minha Opinião, sabe o Leitor, é da peça Teatral de Augusto Cuzzoni. O seu avançado centro morreu ao amanhecer. O futebol português, de há muito moribundo, morreu de falta de seriedade e de vergonha, ontem à tarde na minha querida Marinha Grande, terra de gente séria e sãos princípios. Melhor, assassinaram-no ali. O Senhor Bartolomeu tem razão. É um caso de polícia.

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